O que líderes podem aprender com a Empatia Crística

Jesus abraça Pedro, que apóia sua testa no peito do Mestre. Eles estão em meio a um mar revolto sob um céu escuro mas com uma luminosidade dourada ao fundo. Ambos de olhos fechados, com cabelos, barbas e vestimentas molhadas

Pra mim, o Nazareno foi o maior exemplo que conhecemos de empatia compassiva. Eis minha leitura de uma das passagens mais belas ocorrida entre Pedro e Jesus (Mateus 14, 22:33).

Jesus sabia das tormentas e arrebentações que andavam assolando a fé e a confiança de Pedro naqueles dias. A tempestade no lago, portanto, seria as manifestação dos pensamentos de Pedro. Só podiam ser dele pois, dentre os apóstolos, é ele quem se dirige ao vulto humano que caminha sobre as águas. Uma pessoa líder precisa saber quem, dentre tantas pessoas na sua equipe, necessita de amparo, de atenção. O olhar individualizado é crucial.

Em todo processo empático, adentramos a tempestade do outro. Empatia é 100% o outro e 0% sobre as minhas experiências, minhas opiniões. É, portanto, uma escolha vulnerável, como defende Brené Brown. Nessa passagem bíblica, foi isso exatamente que Jesus fez. Caminha lenta mas decidamente em direção a Pedro, que percebe ao longe a aproximação da envergadura energética do Mestre. É então que o discípulo grita: “Se é o senhor mesmo, mande que eu vá andando em cima da água até onde o senhor está”.

Na jornada empática, a pessoa empatizada também deve caminhar em direção à pessoa empatizante. Só é ajudado quem pede ajuda. Líderes dão o primeiro passo e deixam que a outra pessoa perceba sua iniciativa. E, então, aguarda-se o convite para caminharem de forma conjunta.

Pedro, percebendo que alguém estava ali por ele, responde clamando o auxílio do Mestre, que lhe responde decidida e atenciosamente: “Venha!”.

Se a pessoa empatizada percebe que sua (ou seu) líder está realmente lhe dando a devida atenção, se ela percebe que o outro está ali realmente por ela, reúne forças para sair das sombras em direção à luz, que foi o que Pedro faz em seguida ao sair do barco.

E, mesmo nessa hora, em vias de consumar-se a conexão, hesitações podem aparecer na pessoa empatizada, fazendo-a afundar em suas dúvidas e a clamar novamente por socorro.

A presença e a atenção plena da pessoa empatizante (líder) é determinante nesse momento para que não se perca a sintonia conseguida. A liderança necessita, portanto, de temperança e de foco. Essa presença de espírito é essencial para resgatar a outra de eventuais estados vacilantes. E então, “o vento se acalma.”

A imagem de Pedro e Jesus postada no título deste artigo foi gerada com ajuda da inteligência artificial do Copilot, da Microsoft. E é exatamente como imagino o desfecho dessa passagem bíblica, a mais bela conexão compassiva entre duas pessoas.

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