Dicas de Comportamento Inclusivista nas Interações com Pessoas com Deficiência

jovem branca de cabelos lisos escuros em cadeira de rodas olha para você. Ao fundo, cinco outras pessoas sentadas à mesa, numa sala de reuniões

Há séculos, pessoas com deficiência e seus familiares têm buscado por mais acessibilidade e equidade em suas existências. Muito se avançou no que tange a legislações, tecnologias e espaços. É verdade. Mas ainda há muitas oportunidades de melhorias no aspecto atitudinal e comunicacional. Muitas! As barreiras destas duas dimensões têm uma origem comum: um paradigma (ou modelo mental) capacitista. Lembrando que capacitismo é a discriminação em relação à pessoas com deficiência baseada numa premissa enviesada de que estas pessoas sejam menos capazes, menos produtivas. O que não é verdade!

Da Antiguidade até meados do século XX, por volta da década de 40, a sociedade típica, tida como “normal”, manteve um distanciamento em relação ao universo composto por pessoas com deficiência, demonstrando uma antipatia. Esse sentimento depois evoluiu para uma apatia generalizada, mas preservando sempre com uma ótica capacitista. Foi só no Pós-Guerra, com a Declaração Universal dos Direitos Humanos e dos frutos que advieram deste documento, que o cenário passou a ficar menos hostil e mais promissor à pessoa com deficiência. A passos lentos, sim, é verdade. Mas avançando.

Compartilhamos aqui cinco verbos de ação, “ Os 5 Cs” que poderão te guiar para um comportamento mais inclusivista. Você poderá adicionar na sua rotina e exercitar até que vire um hábito.

1. Conheça

Leia sobre a história das pessoas com deficiência, assista a documentários ou a filmes de pessoas com deficiência, converse com pessoas com deficiência. O primeiro comportamento esperado de quem quer saber sobre algo é ampliar repertório informacional. Não podemos atuar ou mudar o que ainda não sabemos. Portanto, invista um tempo alimentando sua mente de conhecimento, dados, fatos, histórias reais acerca deste universo. Já existe uma quantidade considerável de fontes que você pode consultar.

2. Conviva

Como dizia o sábio chinês Lao Tsé, “saber e não viver é ainda não saber”. Cumprido o desafio inicial de preencher o copo vazio de informações sobre o universo da deficiência, é hora de vivenciar, experienciar, interagir com este universo para que seu corpo e mente possam introjetar os aprendizados com esta nova realidade. Crie uma certa rotina de conversas e interações, mesmo que rápidas, com vizinhos, funcionários, familiares e até mesmo pessoas desconhecidas que tenham alguma deficiência. Quanto mais amplo e heterogêneo esse convívio, mais rica a experiência.

3. Conecte-se

Uma vez criado o hábito da frequência das interações com pessoas com deficiência, faça o exercício de empatizar, de se ver no lugar da outra pessoa. Esta empatia é chamada de empatia cognitiva e que é movida por uma intenção racional e consciente. Mantenha atenção e uma escuta ativa durante os diálogos. Esteja plenamente para a outra pessoa. Ouvir a outra pessoa com atenção é 80% da conexão empática. Ouça o que a pessoa fala, sem criticar ou concordar. Simplesmente, esqueça de você e se entregue para aprender sobre o universo da outra pessoa. Essa entrega amorosa te conecta ao universo alheio.

4. Cocrie

Somos serem gregários por natureza e nos sentimos valorizados quando recebemos o convite para participar ou fazer algo. Busque sempre que possível a participação direta e a opinião de pessoas com deficiência nas atividades que você tenha que realizar. Compartilhe suas dúvidas, angústias e receios e deixe que as pessoas cocriem, trazendo suas perspectivas. Além de recebermos o presente da criatividade e da diversidade nas nossas decisões, estreitaremos nossas relações com as pessoas com deficiência e afinaremos nosso comportamento inclusivista. Procure pensar sob a perspectiva do desenho universal. A cocriação auxiliará você a pensar cada vez mais de forma mais ampla, abarcando o maior número possível de pessoas beneficiadas pelas ações e decisões que você tomar.

5. Continue

Se você chegou até aqui, continue sua caminhada. E é hora também de incentivar outras pessoas a fazerem o mesmo. Quanto mais pessoas angariarmos nessa caminhada, melhor será nossa jornada rumo à Inclusão da pessoa com deficiência. Escreva um artigo, faça uma palestra ou poste um conteúdo sobre sua experiência com o universo das pessoas com deficiência. Divida suas angústias, suas descobertas, suas dúvidas… Outra ideia é formar ou liderar um comitê no seu clube, no seu condomínio ou na sua empresa que discutirá ações para melhoria da acessibilidade e do exercício pleno dos direitos das pessoas com deficiência. Que tal? Quanto mais ativista formos, mais inclusivo será o nosso entorno, o nosso microcosmo.

Pratique “Os 5 Cs”! Quanto mais introjetarmos essas condutas, mais contribuiremos na formação de novas redes neurais e na instauração do paradigma (ou modelo mental) baseado na Inclusão, onde a acessibilidade, a liberdade e a dignidade humana da pessoa com deficiência sejam uma realidade imutável e sustentável. Que brote a sociedade inclusiva!