Diversidade e Representatividade: Uma História Brasileira – Parte 2

Nós tecemos teorias sobre o outro considerando nossas percepções, nossos julgamentos, nossos conceitos, valores e cultura, definindo quem são e como são. E, via de regra, nos relacionamos com quem se assemelha a nós, nesses requisitos. Agimos assim, entre outras considerações, porque é mais fácil lidarmos com o que conhecemos, do que com o que desconhecemos.

Essas teorias, na prática, são:

Vieses Inconscientes: “se afastar ao passar perto de uma pessoa negra.” …precisa de ajuda em suas atividades diárias…””…não tem energia…””…precisa superar a deficiência…””…João sem braço…””mercado negro”, ”Denegrir a imagem”, “lugar de mulher é na cozinha”, “não casou, ninguém quer”…

Senso comum: a forma de pensar e agir do coletivo, cotidianamente, a partir de experiências, vivências e observações do mundo: …”mulher é sexo frágil”, “Essa atividade não é para mulher.” “deve estar de TPM”…”as pessoas negras nascem com o samba no pé”, “…pessoas com deficiência não tem qualificação…””…os melhores profissionais se formam em faculdade de 1ª. linha”.

Vamos levar esses fatos para dentro das corporações e refletir a sociedade brasileira está representada nos ambientes de trabalho, dentro das organizações?

E o que é a Representatividade? Se somos um conjunto de população e todos temos o direito ao trabalho, por exemplo, então numericamente deveríamos ter a mesma proporção da nossa população dentro das organizações.

Representatividade é quando a diversidade está presente em uma amostra proporcional à sua existência na população. Nós dizemos que a sociedade está Representada em uma empresa se na questão de Gênero a maioria for composta por mulheres e na Raça por maioria ser de pessoas negras e pardas, por exemplo.

E como estamos representados estatisticamente nas organizações?

O Instituto Ethos, em 2016, fez uma pesquisa sobre a diversidade populacional nas 500 maiores empresas brasileiras e os dados coletados mostram os fatos:

  • Mulheres são 52% na população, nas empresas representam 35,5% e na liderança 13,6%
  • Pessoas negras e pardas são 55,8% na população, nas empresas representam 35,7% e na liderança 4,7%
  • Pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida são 23,9% na população, nas empresas representam 2,3% e na liderança, 0,6%

A conclusão é que as empresas não tem a representação da sociedade em seu ambiente corporativo.

Quais os possíveis resultados que esse fato acarreta?

  1. Etnocentrismo – a condição de não reconhecer uma outra cultura como parte da sua e estabelecer a sua como ponto de partida e referência para quantificar e qualificar as outras.
  2. Não há criatividade, não há inovação! Não há novos produtos novas tecnologias, porque sem diversidade o ambiente é homogêneo, igual, quando todos veem da mesma forma, há dificuldade de encontrar novas possibilidades.
  3. Ambiente de trabalho é excludente, com a disseminação da discriminação e do preconceito.
  4. Prevalência de privilégios e privilegiados.
  5. Menor reconhecimento do público consumidor dos produtos ou serviços.

E quais são os resultados de um ambiente diverso, com sua representatividade e inclusão de fato – senso de acolhimento e pertencimento aquele ambiente?

Segundo pesquisa realizada pela Consultoria Mckinsey em 2017, a Diversidade como alavanca de performance e produtividade, realizada em empresas do mundo todo resultou em:

  • Empresas com diversidade étnica e racial possuem 33% mais chances de ter rendimentos acima da média do seu setor;
  • As empresas com diversidade de gênero, possuem 21% a mais de chances de ter rendimentos acima da média;
  • Nos Estados Unidos, para cada 10% de aumento na diversidade racial ou étnica na equipe de executivos, os lucros aumentam 0,8%.

E um estudo da Harvard Business Review de 2015 revela ainda que nas empresas onde a diversidade é reconhecida e praticada:

  • 76% dos funcionários das empresas que se preocupam com a diversidade reconhecem que têm espaço para expor suas ideias e inovar no trabalho;
  • 17% mais engajados e dispostos a ir além de suas responsabilidades formais do que nas empresas em que esse ambiente não é incentivado;
  • 50% menor a existência de conflitos.

E todas as pessoas que tem oportunidade e vive plenamente seus direitos, o que estão fazendo para ampliar a representatividade da população brasileira nas organizações, como estão atraindo, contratando e incluindo?

Mara Ligia Kiefer é Profissional de Comunicação e Marketing, atuou por 20 anos com criação e gestão de eventos técnicos como cursos, seminários, workshops, fóruns e feiras. Por sete anos trabalhou na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho nas área de comunicação e parceiras co-criando, com a iniciativa privada e OCIPs projetos de capacitação, inclusão e empreendedorismo, de jovens de baixa renda e pessoas com deficiência para o mercado de trabalho.Apaixonada pela causa, desde 2013, atua como consultora e líder de projetos de inclusão pela i.Social e Social IN.

Lei a Parte 1 desta reflexão: “Diversidade e Representatividade: Uma História Brasileira – Parte 1”, por Mara Ligia Kiefer”

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