Neurocientistas fazem descoberta inusitada sobre a causa do autismo

homem branco e de barba ao lado de um menino branco. O adulto está sentado e mostra uma letra do alfabeto em madeira em uma de suas mãos, enquanto o garoto observa atento sentado à uma mesinha

Segundo dados mais recentes do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC - Center for Disease Control and Prevention), agência federal dos Estados Unidos, a cada 44 crianças nascidas, 1 tem autismo. Em 2004, essa relação era 1 para 166 crianças. E, atualmente, sabemos que 98% dos fatores que desencadeiam o autismo são de origem genética.

Segundo o neurologista brasileiro José Salomão Schwartzman, o “autismo é considerado um transtorno do desenvolvimento de causas neurobiológicas definido de acordo com critérios eminentemente clínicos”.

Uma equipe japonesa multidisciplinar de pesquisadores podem ter identificado uma possível causa do autismo ao analisar as composições de cordões umbilicais em crianças recém-nascidas. O estudo indicou uma provável conexão entre a eclosão do autismo e os níveis de ácidos graxos no sangue do cordão umbilical.

O estudo, conduzido por cientistas da Universidade de Fukui, no Japão, analisou a relação entre ácidos graxos poli-insaturados (AGPI) presentes em amostras de sangue do cordão umbilical e as pontuações de autismo em 200 crianças. Durante as análises, eles descobriram um composto específico chamado diHETrE, que parece ter “fortes implicações” no desenvolvimento do Transtorno do Espectro Autista (TEA).

As amostras de sangue do cordão umbilical foram coletadas e armazenadas logo após o nascimento das crianças. Os pesquisadores observaram que níveis elevados desse diHETrE estavam associados a dificuldades nas interações sociais, enquanto níveis mais baixos desse composto estavam relacionados a comportamentos repetitivos e restritivos em crianças. Essa associação foi especialmente notável em meninas.

Posteriormente, quando essas crianças atingiram seus 6 anos de idade, os cientistas avaliaram os sintomas do autismo nessas crianças, com a colaboração direta das mães.

Com base nas descobertas, os pesquisadores sugerem que medir os níveis de diHETrE durante o período fetal pode se tornar uma ferramenta importante para prever a probabilidade de desenvolvimento do TEA. Eles também sugerem que a inibição do metabolismo de diHETrE durante a gestação pode ser uma estratégia para prevenir traços de TEA em crianças. No entanto, enfatizam que são necessárias mais pesquisas para confirmar essas descobertas.

Os resultados do estudo foram publicados em 23 de julho de 2024, na revista científica Psychiatry and Clinical Neurosciences.